04/09/2011

Sarjeta Clandestina

Era pra ser só um quarto vazio (de uma antiga nova morada no Alto da rua XV).
Acontece que esse quarto ainda vazio, pulsante de possibilidade e porvires, deixou um outro quarto vazio.

Vazio desesperançoso.

Sobrou só o carpet - com um cheiro terrível devido ao novo cachorro desobediente.
O cheiro azedo é varrido, em alguns finais de semana, por uma agradável e, ainda assim, agoniante brisa do mar que entra pela janela sem pedir licença.

Na real, brisa é uma palavra muito bonita. Acho que o certo seria Maresia. Aquela mesma que destrói a sua bicicleta na praia. Engraçado que mesmo você ficando chateado quando chega pra temporada e descobre, aquela bicicleta enferrujada rende os melhores momentos da sua vida.

O quarto que está sendo deixado fica um pouco mais interessante quando cai uma vergonhosa lágrima no chão.

E você se pergunta o porquê.
Por que merda eu tô chorando?
O quarto tá vazio e você sabe que já tentou de tudo pra mantê-lo cheio.
Fracasso? Saudade? Medo?

A maresia entra pela janela e faz as cortinas reaparecerem.
A brisa bate na cara e você percebe que acabou de pisar num colar de pedras que saiu misteriosamente de uma das caixas empilhadas no canto.
Tropeça, cai, chora.
Inútil.


O quarto da nova velha casa no alto da XV tem muito futuro.
E você pensa: E daí?